2º do Médio
As Indulgências e os protestantes
“Agora, portanto digo que estamos
no momento e nos aproximamos da futura renovação do mundo, ou de uma grande
alteração ou de sua aniquilação [...].”
Cônego
de Langres, França, Livre de l’estat et mutation des temps, 1550. Apud
DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
p. 226.
Nesta situação de Aprendizagem estudaremos a Reforma Religiosa.
O nascimento das religiões protestantes remonta ao século XVI, período
de grandes transformações religiosas tanto na Europa quanto na América e no
Oriente. O clima apocalíptico presente na mentalidade européia já alardeava.
“28: Concluímos, pois, que o homem
é justificado pela fé, independentemente das obras
da lei [...].”
Carta
aos Romanos, Cap. 3, Versículo 28. ALMEIDA, João Ferreira de. A Bíblia sagrada. Versão Corrigida e Revisada
Fiel. Disponível em: <http://www.biblia online.com.br/acf/rm/3>. Acesso em:
13 out. 2008.
Este texto deu origem, posteriormente, à doutrina da “salvação pela
fé”, que se converteu na base da Reforma Protestante européia, materializada na
oposição de Lutero às indulgências vendidas pela Igreja Católica para a salvação
de seus fiéis. Segundo Lutero, o pecado original, a expulsão de Adão e Eva,
teria sido tão forte que o Homem está constantemente ligado a ele; não há obra
que o redima, a não ser a graça de Deus – ou seja, as indulgências não salvam. O
clima apocalíptico que dominou a mentalidade européia desde o ano 1000,
reforçado por inúmeros acontecimentos posteriores (como a Peste Negra, a Guerra
dos Cem Anos, o exílio do papado em Avignon, e até mesmo a descoberta da
América), foi um dos motivadores da reforma luterana no século XVI, levando ao
rompimento do clima religioso que vivia no Sacro Império Romano Germânico com a
Igreja de Roma. Não podemos esquecer que um dos temas centrais de suas
preocupações era a salvação.
As 95 Teses, publicadas em Wittemberg, geraram várias consequências, a
começar pela expulsão de Lutero da Igreja Católica. O caso dele, contudo, é
mais bem compreendido no contexto de descontentamento e questionamento em relação
à doutrina e à conduta da Igreja de Roma — algo que, então, atingia todo o continente
europeu. Em Genebra, cidade que, fazia tempo, declarava-se inimiga do papado,
as idéias de Lutero motivaram diversos reformistas, entre os quais zwinglio, João
Calvino e, posteriormente, na Inglaterra, Henrique VIII, que também rompeu com a
Igreja romana, dando seqüência à extensa ramificação do protestantismo.
“43. Deve-se ensinar aos cristãos
que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se
comprassem indulgências. [...] 46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem
bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma
alguma desperdiçar dinheiro com indulgências.”
Debate
para o Esclarecimento do Valor das Indulgências pelo Doutor Martinho Lutero. 31
de outubro de 1517. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/95%20Teses%20de%20Lutero.pdf>.
Acesso em: 13 out. 2008.
Neste excerto de texto, evidencia-se outro motivo de questionamento da
Igreja: sua riqueza pujante e ostensiva. A campanha de Tetzel de cobrança de
indulgências na região onde vivia Lutero para o levantamento de fundos para a
construção da Basílica de São Pedro, bem como seu comércio desenfreado,
praticamente determinaram o rompimento de Lutero com a Igreja.
Além das influencias de Lutero, abordamos também as idéias de Calvino,
que entre outras coisas disse:
“Da mesma maneira, pois, que é
necessário crer na Igreja que não vemos e que só Deus conhece, também nos está
ordenado honrar a Igreja visível e nos mantermos em sua comunhão.”
João
Calvino. Instituição cristã, 1560.
Percebemos nesta frase de Calvino, a influência do pensamento de Lutero,
sobretudo, porque ambos defendem a existência de uma igreja invisível, interior
e individual. Atacam, dessa forma, a necessidade de uma igreja hierarquizada e
física.
No entanto, Calvino não concorda com Lutero em tudo, pois ele (Calvino),
vai além de Lutero e defende que, apesar da existência de uma igreja interior, há
um compromisso também social em relação à vida religiosa, pois a igreja física
“nos mantém em comunhão”.
“O sinal está dado. Rua de
Béthisy, os acólitos do duque de Guise acabam de assassinar o almirante e de
jogar seu corpo pela janela. Em todos os bairros da cidade desencadeia-se
infame carnificina [...]; no dia 26, quando Carlos IX se dirige ao parlamento para
uma sessão solene, ele é aclamado pelos parisienses.”
BORDONOVE,
G. São Bartolomeu, um massacre em nome de Deus. História Viva. Ano 1, no 6. São
Paulo: Duetto, 2004. p. 71.
E por fim, vimos que estes movimentos protestantes, desencadearam conflitos
religiosos e políticos violentos, como no caso a Noite de São Bartolomeu (evento
do último quartel do século XVI), retratada no texto acima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário