segunda-feira, 2 de abril de 2012

As Indulgências e os protestantes


2º do Médio
As Indulgências e os protestantes

“Agora, portanto digo que estamos no momento e nos aproximamos da futura renovação do mundo, ou de uma grande alteração ou de sua aniquilação [...].”
Cônego de Langres, França, Livre de l’estat et mutation des temps, 1550. Apud DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 226.

Nesta situação de Aprendizagem estudaremos a Reforma Religiosa.
O nascimento das religiões protestantes remonta ao século XVI, período de grandes transformações religiosas tanto na Europa quanto na América e no Oriente. O clima apocalíptico presente na mentalidade européia já alardeava.

“28: Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras
da lei [...].”
Carta aos Romanos, Cap. 3, Versículo 28. ALMEIDA, João Ferreira de.  A Bíblia sagrada. Versão Corrigida e Revisada Fiel. Disponível em: <http://www.biblia online.com.br/acf/rm/3>. Acesso em: 13 out. 2008.

Este texto deu origem, posteriormente, à doutrina da “salvação pela fé”, que se converteu na base da Reforma Protestante européia, materializada na oposição de Lutero às indulgências vendidas pela Igreja Católica para a salvação de seus fiéis. Segundo Lutero, o pecado original, a expulsão de Adão e Eva, teria sido tão forte que o Homem está constantemente ligado a ele; não há obra que o redima, a não ser a graça de Deus – ou seja, as indulgências não salvam. O clima apocalíptico que dominou a mentalidade européia desde o ano 1000, reforçado por inúmeros acontecimentos posteriores (como a Peste Negra, a Guerra dos Cem Anos, o exílio do papado em Avignon, e até mesmo a descoberta da América), foi um dos motivadores da reforma luterana no século XVI, levando ao rompimento do clima religioso que vivia no Sacro Império Romano Germânico com a Igreja de Roma. Não podemos esquecer que um dos temas centrais de suas preocupações era a salvação.
As 95 Teses, publicadas em Wittemberg, geraram várias consequências, a começar pela expulsão de Lutero da Igreja Católica. O caso dele, contudo, é mais bem compreendido no contexto de descontentamento e questionamento em relação à doutrina e à conduta da Igreja de Roma — algo que, então, atingia todo o continente europeu. Em Genebra, cidade que, fazia tempo, declarava-se inimiga do papado, as idéias de Lutero motivaram diversos reformistas, entre os quais zwinglio, João Calvino e, posteriormente, na Inglaterra, Henrique VIII, que também rompeu com a Igreja romana, dando seqüência à extensa ramificação do protestantismo.

“43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências. [...] 46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgências.”
Debate para o Esclarecimento do Valor das Indulgências pelo Doutor Martinho Lutero. 31 de outubro de 1517. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/95%20Teses%20de%20Lutero.pdf>. Acesso em: 13 out. 2008.

Neste excerto de texto, evidencia-se outro motivo de questionamento da Igreja: sua riqueza pujante e ostensiva. A campanha de Tetzel de cobrança de indulgências na região onde vivia Lutero para o levantamento de fundos para a construção da Basílica de São Pedro, bem como seu comércio desenfreado, praticamente determinaram o rompimento de Lutero com a Igreja.

Além das influencias de Lutero, abordamos também as idéias de Calvino, que entre outras coisas disse:
“Da mesma maneira, pois, que é necessário crer na Igreja que não vemos e que só Deus conhece, também nos está ordenado honrar a Igreja visível e nos mantermos em sua comunhão.”
João Calvino. Instituição cristã, 1560.

Percebemos nesta frase de Calvino, a influência do pensamento de Lutero, sobretudo, porque ambos defendem a existência de uma igreja invisível, interior e individual. Atacam, dessa forma, a necessidade de uma igreja hierarquizada e física.
No entanto, Calvino não concorda com Lutero em tudo, pois ele (Calvino), vai além de Lutero e defende que, apesar da existência de uma igreja interior, há um compromisso também social em relação à vida religiosa, pois a igreja física “nos mantém em comunhão”.

“O sinal está dado. Rua de Béthisy, os acólitos do duque de Guise acabam de assassinar o almirante e de jogar seu corpo pela janela. Em todos os bairros da cidade desencadeia-se infame carnificina [...]; no dia 26, quando Carlos IX se dirige ao parlamento para uma sessão solene, ele é aclamado pelos parisienses.”
BORDONOVE, G. São Bartolomeu, um massacre em nome de Deus. História Viva. Ano 1, no 6. São Paulo: Duetto, 2004.  p. 71.

E por fim, vimos que estes movimentos protestantes, desencadearam conflitos religiosos e políticos violentos, como no caso a Noite de São Bartolomeu (evento do último quartel do século XVI), retratada no texto acima.

Bons estudos!

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