segunda-feira, 2 de abril de 2012

Que mundo é esse?


2º do Médio
Que mundo é esse?

Nesta Situação de Aprendizagem, o foco temático é o Renascimento Cultural, com ênfase no desenvolvimento de modelos de representação de mundo baseados no racionalismo, no cientificismo e no antropocentrismo.
Para tanto, analisaremos o mapa de Isidoro de Sevilha, que divide o mundo em três continentes (Europa, África e Ásia). Trata-se de uma obra produzida no século XIII, ainda um período de desconhecimento do continente americano, “descoberto” pelos espanhóis somente em 1492. A tripartição apresentada no mapa deve-se, principalmente, a influências bíblicas: os nomes dos filhos de Noé – Sem, Iafech e Cham – são colocados abaixo dos continentes.

  

Antes da utilização da bússola de maneira definitiva na Europa, o Norte não possuía a primazia da parte superior dos mapas e cartas. A parte superior era reservada ao Oriente, a terra do sol nascente, da luz, do paraíso, de onde haviam sido expulsos Adão e Eva.
Esta tripartição do mundo remete às três ordens do imaginário medieval e colocam-no em correspondência com a tripartição da casa divina, assim como aparece no famoso texto do Bispo de Laon, Adalberão, no final do século X.
O formato circular é recorrente em vários mapas-múndi medievais; a perfeição da forma circular, uma tradição platônica, se mantém como digna da perfeição de Deus. O Oceanus que circunda o mundo nos lembra as descrições de Homero.

Trata-se, portanto, de um mapa com fortes influências religiosas, uma representação esquemática e pouco precisa do mundo material na visão dos viajantes da modernidade européia. No imaginário medieval, talvez fossem mais precisos do que os desenhados na projeção de Mercator, após 1569.
Com as navegações dos séculos XV e XVI e com o desenvolvimento do pensamento renascentista, a representação do mundo sofreu grandes alterações. O racionalismo estabeleceu uma relação mimética com a natureza; os pintores, os cartógrafos e os estudiosos de uma maneira geral (seja de cadáveres humanos ou de astros celestes) passaram a rejeitar os modelos de explicação somente religiosos.
Embora ainda não tivessem sido abandonados por completo, passaram a ser questionados e colocados em uma perspectiva humanista e naturalista, investigando formas e funções a partir da observação, dos órgãos de pessoas mortas, da costa litorânea, do trajeto das estrelas no céu e da visão captada pelo olho humano. Daí surgiram os estudos de anatomia de Leonardo e Vesalius, o heliocentrismo de Copérnico e Galileu, a perspectiva racional de representação do espaço presente nas pinturas da maioria dos artistas do período – e a cartografia moderna, que acompanhava as grandes navegações na descoberta de novos continentes.
Bons estudos!

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