2º do Médio
Que mundo é esse?
Nesta Situação de Aprendizagem, o foco temático é o Renascimento
Cultural, com ênfase no desenvolvimento de modelos de representação de mundo
baseados no racionalismo, no cientificismo e no antropocentrismo.
Antes da utilização da bússola de maneira definitiva na Europa, o Norte não possuía a primazia da parte superior dos mapas e cartas. A parte superior era reservada ao Oriente, a terra do sol nascente, da luz, do paraíso, de onde haviam sido expulsos Adão e Eva.
Esta tripartição do mundo remete às três ordens do imaginário medieval
e colocam-no em correspondência com a tripartição da casa divina, assim como
aparece no famoso texto do Bispo de Laon, Adalberão, no final do século X.
O formato circular é recorrente em vários mapas-múndi medievais; a
perfeição da forma circular, uma tradição platônica, se mantém como digna da
perfeição de Deus. O Oceanus que circunda o mundo nos lembra as descrições de
Homero.
Trata-se, portanto, de um mapa com fortes influências religiosas, uma
representação esquemática e pouco precisa do mundo material na visão dos
viajantes da modernidade européia. No imaginário medieval, talvez fossem mais
precisos do que os desenhados na projeção de Mercator, após 1569.
Com as navegações dos séculos XV e XVI e com o desenvolvimento do
pensamento renascentista, a representação do mundo sofreu grandes alterações. O
racionalismo estabeleceu uma relação mimética com a natureza; os pintores, os
cartógrafos e os estudiosos de uma maneira geral (seja de cadáveres humanos ou
de astros celestes) passaram a rejeitar os modelos de explicação somente
religiosos.
Embora ainda não tivessem sido abandonados por completo, passaram a ser
questionados e colocados em uma perspectiva humanista e naturalista,
investigando formas e funções a partir da observação, dos órgãos de pessoas
mortas, da costa litorânea, do trajeto das estrelas no céu e da visão captada
pelo olho humano. Daí surgiram os estudos de anatomia de Leonardo e Vesalius, o
heliocentrismo de Copérnico e Galileu, a perspectiva racional de representação
do espaço presente nas pinturas da maioria dos artistas do período – e a
cartografia moderna, que acompanhava as grandes navegações na descoberta de
novos continentes.
Bons estudos!
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